quarta-feira, 9 de julho de 2014
Para nunca esquecer
Faz um tempo razoável que não escrevo sobre futebol.
Dizia sempre o quanto é difícil escrever sobre ele em um dia ruim, um dia de derrota, de eliminação, como odiava escrever nessas horas.
Hoje o que eu mais quero é fazer isso. Quantas coisas vem a minha cabeça com o baile que a Alemanha deu no meu Brasil nesse dia 8 de julho de 2014.
Uma espera de 4 anos, de preparação, ansiedade, desta vez como nunca, por ser aqui, por ser no país do futebol. Foi ótimo o que vivemos, o que vivi, o hino que contagiou o país como nunca, que nunca foi tão maravilhosamente cantado mesmo sem metade de sua melodia, os gols do menino de moicano, a alegria que tem para jogar futebol, a dedicação dos gigantes Thiago Silva e David Luiz, a saudade que deixará o "Sou brasileiro com muito orgulho...".
Que lindo foi os estádios calando os pessimistas, como o futebol ajuda a juntar um povo. É óbvio que temos problemas, mas vamos nos esquecer por alguns instantes, vamos celebrar, para depois voltar a lutar, como resumiu David na melhor declaração do torneio, as sinceras desculpas, "Só queria dar alegria ao meu país uma vez.".
Você que torce contra, eu sei que você se arrepiou no hino, eu sei que você soltou um sorriso nas defesas de Julio Cesar nos penaltis, eu sei que no fundo você não consegue torcer contra, mas quer fingir que torce, para depois ser o dono da razão no "se fudeu", "eu avisei".
Tanta verdade que tem que ser dita.
Uma delas é que o futebol é algo fantástico, não é como qualquer outro esporte, não venha tentar me convencer, simplesmente não é, porém não é algo bom por inteiro, nada é, ontem senti uma de suas maldades, mais uma vez na vida, dessa vez como nunca antes sentida.
O Brasil chamou o mundo para aproveitar a Copa do Mundo em sua casa, se preparou do seu jeito, nos arrumamos aos trancos e barrancos, mas deu certo, mesmo muitos dizendo que era melhor desistir disso tudo. A realidade é que o brasileiro queria mais uma Copa, queria uma outra chance no que se diz a respeito 1950, queria vencer a maior das Copas em sua casa, com seu povo ao lado da Seleção.
Ontem tudo isso foi destruído, não fazemos, a partir desse momento, nem questão que a final seja realizada aqui, o que adianta se não vamos estar nela?
A verdadeira Copa do Mundo de 2014 no Brasil foi encerrada ontem.
Uma derrota nunca antes vista, os gigantes alemães colocaram 200 milhões e nosso extenso território nas palmas de suas mãos, brincaram com nós, nos irritaram, nos machucaram, mesmo que não tivessem a intenção de ser tão cruéis assim, só estavam para fazer sua parte, fizeram a mais.
O tático deles esmagou o nosso, tudo bem, estávamos sem nossos dois melhores jogadores, mas depois que o jogo acaba nada disso interessa, o que ficará para contarmos para os nossos filhos será a humilhação em casa, não as desculpas, eles não vão querer saber do que estava machucado e do que estava suspenso, a verdade terá de ser dita.
Fica aqui o sentimento de tristeza, de raiva, de que o que nós planejávamos não se concretizou.
Como sempre, agora é pensar na próxima, na de 2018, mesmo que o que falte de verdade em nossas taças de campeões do mundo é aquela vencida em casa.
Brasil sempre.
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